sexta-feira, dezembro 21, 2007

Imagem fantástica...

A expressão dos olhos transparentes

"Então, nessa semana, Lia pôs-se a desenhar muito e, por falta de guache, usou a tinta de escrever com água para preencher as superfícies e lhes dar volume, e com os dedos tornejava para captar a forma e a expressão dos olhos transparentes."

Margarida Rios, em "O Eléctrico do Exílio"

domingo, dezembro 02, 2007

A tua lembrança

Os teus olhos não têm cor.
O teu rosto não tem traços.
A tua imagem permanece invisível.
O eco da tua voz ficou retido nas profundezas das montanhas.
Os passos que sobrevoam a imaginação.
Os gestos que ainda me tocam.
As lembranças que preenchem o vazio da tua ausência.

Sandra Bastos
Novembro 2007

domingo, novembro 25, 2007

Eu Sei...

Há letras de músicas engraçadas, mas eficazes. Encontrei uma realmente simples...

EU SEI

"Eu sei...
Tudo pode acontecer...

Eu sei...
Nosso amor não vai morrer...

Vou pedir aos Céus
Você aqui comigo...

Vou jogar no mar
Flores para te encontrar...

Não sei...
Porquê você disse adeus...

Guardei...
o beijo que você me deu...

You say goodbye...
And I say hello..."

sábado, novembro 24, 2007

quarta-feira, novembro 21, 2007

Quem arrisca...

Quem não arrisca não petisca. Quem arrisca pode não petiscar.
Quem arrisca pode ganhar mas pode perder e nada ganhar.
Quem arrisca arrisca-se a tudo e quem não arrisca arrisca-se a nada.

Lutar por um objectivo, por um sonho implica arriscar. Nem sempre será esta a melhor solução. Às vezes é melhor não chegar sequer a sonhar muito menos desejar que o sonho se torne realidade.

Saber quando se deve arriscar, quanto se pode ganhar e perder... eis a questão! Arriscar ou não arriscar é sempre um risco...

Sandra Bastos

segunda-feira, novembro 19, 2007

A chuva, o frio e o calor

Quem anda à chuva molha-se e quem anda ao calor aquece-se.

Hoje está a chover, mas como estou dentro de casa, não estou molhada (a não ser que estivesse a tomar banho, nesse caso não estaria aqui a escrever), estou ao calor, por isso estou quentinha :)

Não gosto de usar guarda-chuva e também não gosto de usar muita roupa, mesmo com os pertinentes avisos de que me posso dar mal. Fujo da chuva mas quando me abrigo já estou toda molhada e nem assim me apetece trocar de roupa...

O frio é mais perigoso. Sinto-o logo e corro à procura de agasalho mas nem assim deixo de sofrer as suas maldades por isso às vezes nem lhe ligo, saio para a rua e ignoro-o até que ele me vença, o que acaba sempre por acontecer. Uma luta sem hipótese de vitória, só mesmo no campo de refúgio me posso defender e às vezes nem assim!

O calor está no prazer da felicidade. Sabe sempre bem, independentemente da forma que encarnar. Confortável, apetece jamais largar, preenche todos os espaços e fortifica-me ao ponto de me sentir capaz de enfrentar o perigoso frio!

A chuva, o frio e o calor são sempre metáforas interessantes...

Sandra Bastos

quarta-feira, novembro 14, 2007

Apenas um minuto

UM MINUTO
Um minuto serve para sorrires:
sorrir para o outro, para ti e para a vida.
Um minuto serve para veres o caminho,
olhar a flor, sentir o cheiro da flor,
sentir a relva molhada,
notar a transparência da água.

Basta um minuto para avaliares a imensidão do infinito,
mesmo sem poder entendê-lo.
Num minuto apenas, ouves o som dos pássaros que não voltam mais.

Um minuto serve para ouvires o silêncio,
ou começar uma canção.
É num minuto que darás o sim que modificará a tua vida...
E basta.

Basta um minuto para apertares a mão de alguém,
e conquistar um novo amigo.
Num minuto podes sentir a responsabilidade pesar nos teus ombros :
a tristeza da derrota,
a amargura da incerteza,
o gelo da solidão,
a ansiedade da espera,
a marca da decepção e a alegria da vitória...
Quanta vitória se decide num simples momento,
num simples minuto !

Num minuto podes amar,
buscar, compartilhar, perdoar,
esperar, crer, vencer e ser ...
Num simples minuto podes salvar a tua vida...
Num pequeno minuto podes incentivar alguém ou desanimá-lo !

Basta um minuto para recomeçares
a reconstrução de um lar ou de uma vida ...
Basta um minuto de atenção para fazeres feliz um filho,
um aluno, um professor, um semelhante ...

Basta um minuto para entenderes
que a eternidade é feita de minutos...


(Autor desconhecido)

terça-feira, novembro 13, 2007

Michael Buble - Sway

Um mundo à parte

Degraus pequenos a descer e a subir. Sons idênticos que tocam bem fundo. O som que se prende na alma e percorre as veias descontroladamente... Os sons que ardem e incendeiam como palavras. Ficava a ouvir para sempre até o som se esgotar no infinito.

Um mundo onde me cruzo com a liberdade sem lhe tocar mas sem parar de a admirar. Um deslumbramento pelo que sonhei. Um mundo que me viu crescer e ainda me completa.

Olho para trás segura de que não foi um erro, mas um crescimento, não foi um fracasso mas uma aprendizagem, não foi uma estupidez mas um desafio superado e muitos sonhos realizados!

Sem penas. É hora de seguir em frente sem lamentações porque o maior medo é não querer viver!...

Sandra Bastos

Imagens dispersas

Imagens dispersas numa memória menos vaga. Fogem os fantasmas, resta a paz.

No limite das forças, no limite da possibilidade. O peso da fraqueza. Ligada apenas por um fio minúsculo e frágil. Passar o limite, cair e recomeçar.

As respostas que não encontro sem que nunca as deixasse de procurar. Uma missão que me inquieta. Nada a perder, talvez o sofrimento que me dilacerou.

Pensar. Ideias desordenadas. Não consigo parar. Estou confusa. Procuro um novo ritmo nas pegadas a dar...

Sandra Bastos

segunda-feira, novembro 12, 2007

Tocas-me...

Por não te ter, não te poder tocar...

És o som que me invade e se prende no meu corpo percorrendo as veias num estado de estremecimento que me derruba aos teus pés.

Sinto cada segundo desse som que não me larga. O encanto do teu rosto que arranca de mim o mais profundo dos suspiros.

Não me olhes assim, por favor! Não faças isso comigo! Deixa-me ir embora com a minha liberdade... Larga a minha mão, não me quero amarrar, quero viver!

E no entanto, não paro de pensar em ti e gritar desesperadamente pelo teu amor... porque me pertences e eu de ti serei para sempre...

Sandra Bastos

domingo, novembro 11, 2007

Por que vivo

Perguntas-me por que vivo eu. Por mim, pelos que amo e me amam, pelos que pretendo amar, pelo que vivi e quero viver, pelas coisas, pelos sonhos...

Podia-te enumerar um rol de motivos que me levam a viver mas prefiro dizer-te que são mais os que me levam a viver do que a morrer. Isso basta-te?

Uma filosofia que leve ao prazer da respiração. Não penso em nada, nem em sonhos nem pesadelos. Não penso, respiro. Pensar faz mal. Pensar ocupa espaço no cérebro e gasta o tempo que já é pouco.

Claro que penso. Mas não devia. É melhor sentir. Dá prazer e felicidade. Evita problemas. Liberta as emoções. Alivia a carga pesada deixada pelo pensamento.

Sentir o chão debaixo dos pés enquanto corro. Passos sem destino, não buscam uma meta mas apenas chegar mais além.

E afinal por que vivo eu? Talvez viver seja melhor do que morrer...

Sandra Bastos

sábado, novembro 10, 2007

A vida troca-nos as voltas

Buscar o que se imagina. Encontrar o que não se espera. Perder o que não se quer. Tropeçar no que se evita. Caminhar na incerteza e com a convicção de que agora é que é. Agora é que vai ser. Até aqui foram experiências, aprendizagens, ainda não estávamos preparados. Agora sim. Agora estamos. Agora podemos tudo e de tudo somos capazes. Na máxima força!

É neste engano que vivemos. Esperando encontrar o que nunca encontramos. Vivendo o que não esperávamos. Alcançando o que nos aparece ou conquistamos. Esquecendo o que ficou nos sonhos...

Fechar os olhos e sonhar que vivi, não o que vivo mas o que sempre quis viver. Apertar as mãos e ganhar força para ignorar que não dá para voltar atrás e recomeçar do zero, como se os obstáculos não estivessem lá ou fossem apenas mais fáceis de superar.

Uma crueldade aniquilar a ingenuidade infantil que nos move e faz sorrir pelas coisas mais pequenas. Um pesadelo engolir em seco perante as adversidades, rastejar no escuro em busca de um objecto ao qual nos podemos agarrar, mesmo que caminhemos em desequilíbrio.

Depois... depois é deixar escorrer as lágrimas no calor de um abraço, na alegria de uma criança, na emoção de uma homenagem, na beleza de uma paisagem, no sentido de uma melodia...

Sandra Bastos

terça-feira, novembro 06, 2007

Um puzzle inacabado

Os últimos meses parecem-me anos. Pessoas e lugares que me cruzam constantemente num nó de confusão onde não sei onde começo e acabo, se sou o que sou ou se deixo de ser o que pareço.

Escrevo o que me vem à cabeça, sem censura, sem passar por aquilo que ofusca a minha liberdade. Estou a tentar construir um puzzle inacabado. As memórias da infância que julgara perdidas.

Sandra Bastos

Ausência

Tanto tempo afastada deste blog... Vai-se o tempo da inspiração. Esvazia-se a mente para a encher de novo, como se fosse a primeira vez... O regresso está para breve. É apenas um pressentimento, não uma promessa, muito menos uma certeza.

segunda-feira, outubro 22, 2007

quinta-feira, outubro 04, 2007

Partilha

Esta é uma mensagem que me enviou uma pessoa amiga… Achei-a tão bonita que decidi partilhá-la convosco. Espero que gostem!




"Não é quanto fazemos que é importante mas quanto amor pomos no fazer.
E não é quanto damos que é importante mas quanto amor pomos no dar.

Quem julga as pessoas não tem tempo para as amar.
E a falta de amor é a maior de todas as pobrezas."



(Madre Teresa de Calcutá)

sexta-feira, setembro 21, 2007

Conhecimento

"Só sabemos com exactidão quando sabemos pouco; à medida que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a dúvida."

Goethe

Escrever é não falar

"Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído."

Marguerite Duras, escritora
1914-1996

terça-feira, setembro 04, 2007

PARABÉNS À CRIADORA DESTE BLOG

Amiga, parabéns por mais um anito!!!

Happy Birthday - Joyeux Anniversaire - Felice Anniversario - Feliz Cumpleaños - Herzlichen Glückwunsch - Zum Geburtstag - Een Gelukkige Verjaardag - Wel Gefeliciteerd

Muitas felicidades!

Esperança

quarta-feira, agosto 15, 2007

Jane Austen e Mulherzinhas

Mulher

"É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta."

Simone de Beauvoir
Escritora/Feminista

Como Água para Chocolate

sexta-feira, agosto 10, 2007

100º Aniversário do nascimento de Miguel Torga

RTP 2 assinala 100º aniversário do nascimento de Miguel Torga

Documentário de Luís Costa passa este domingo, 12, às 21h15

Ao longo de 50 minutos, o documentário MIGUEL TORGA – O MEU PORTUGAL (com o qual a RTP2 assinala o centenário do nascimento do escritor, no exacto dia que corresponderia ao seu 100º aniversário) conduz-nos numa viagem pelo país e pela identidade portuguesa que se percepcionam em múltiplos textos de Torga, sobretudo em prosa, e que evidenciam, tantos anos volvidos, uma acutilante e surpreendente actualidade. O próprio Miguel Torga é o narrador exclusivo deste documentário, uma vez que o guião foi integralmente estruturado com base nos seus textos, sobretudo da relativamente desconhecida produção em prosa que integra a colectânea PORTUGAL, cuja primeira edição data de 1950.

Cf. http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=22954&op=all

segunda-feira, agosto 06, 2007

Cristão

"E não julgues mal o Anselmo. Ele é um cristão, coisa muito rara nos países católicos."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

Sou feia de nascença

" -Vamos, não sou feia! Sou feia de nascença. Toda a vida fui feia. Tu, Inglés, que não sabes nada das mulheres, sabes o que sente uma mulher feia? Podes imaginar o que é ser feia toda a vida e sentir-se bela lá por dentro? É muito divertido."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

A gente tem de falar com alguém

" -A gente tem de falar com alguém. Antes havia a religião e outras porcarias. Agora devia haver uma pessoa em que pudéssemos confiar e com quem falar francamente; porque por maior que seja a nossa coragem, a solidão dói."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

terça-feira, julho 31, 2007

Matar

"- Tu já mataste alguém?- inquiriu Jordan animado pela intimidade que a escuridão favorecia e por um dia passado em comum.
- Sim, muitas vezes. Mas nunca me senti satisfeito. Para mim matar um homem é pecado. Mesmo quando são fascistas que é preciso matar. Eu, por mim, acho grandes diferenças entre um homem e um urso e não acrediro nessa bruxaria dos ciganos a respeito da fraternidade com animais. Não. Eu sou contrário à matança de homens.
- E, no entanto, mataste.
- Sim. E voltarei a matar. Mas se escapar com vida hei-de fazer o possível por viver de modo a não fazer mal a ninguém, a fim de ser perdoado.
- Por quem?
- Quem é que sabe? Desde que não há Deus, nem Filho, nem Espírito Santo, quem pode perdoar? Eu não sei.
- Então já não tens Deus?
- Não, homem. É certo que não. Se houvesse Deus ele nunca permitiria que visse o que tenho visto com estes que a terra há-de comer. Podemos deixar-lhe o Deus.
- Eles reclamam-no.
- É claro que Ele me faz falta, pois fui educado com religião. Mas agora um homem tem de ser responsável por si.
- Nesse caso és tu que tens de perdoar-te pelas mortes feitas.
- Creio que sim - concordou Anselmo. - Já que pões a questão nesse ponto, parece-me que deve ser assim. Mas, com ou sem Deus, estou convencido de que matar é pecado. Para mim tirar a a vida de outra pessoa é coisa de muita gravidade."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

Todos os bons e firmes são alegres

"Todos os bons e firmes são alegres, reflectiu Jordan. É muito melhor ser alegre que é sinal de uma coisa: de uma imortalidade terrestre. Que coisa complicada! E já quase não há alegres. A maior parte dos lutadores joviais desapareceu. Restam pouquíssimos. E se continuas a pensar assim, meu rapaz, também estás pronto. Muda de disco, meu caro, velho andarilho, velho camarada. Agora és apenas um instrumento de destruir pontos. Não um pensador."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

Tristeza

"Mas não gosto daquele seu ar triste. Má coisa, essa tristeza. E a tristeza que aparece quando os homens estão prestes a desertar ou a trair. É a tristeza do começo do fim".

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

És um bruto?

"- És um bruto? Sim. És uma besta? Sim, muitas vezes. Tens miolos? Nenhuns. Agora que viemos tratar de algo realmente importante, é que tu com o amor à lareira pões o teu buraco de raposa acima dos interesses do povo. Vamos. E isto e aquilo e naqueloutro do teu pai. E isto e aquilo no teu. Pega já nesse saco."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"


segunda-feira, julho 23, 2007

As Intermitências da Morte - José Saramago

«"Todos os meus livros partem de uma situação improvável ou impossível, sem excepções. Descobri isso há bem pouco tempo, há uns dois anos", afirmou o escritor.

"Se algum talento tenho, é transformar o improvável e o impossível em algo provável e possível. Quero que gostem desse livro por duas razões porque ele merece e porque eu mereço", disse Saramago.

O romance mostra como a agitação e alegria provocadas num país imaginário pela reforma da Morte se convertem logo a seguir num motivo de preocupação, pelo impacto político, económico, social e até religioso da nova situação.

O escritor português avançou que seu novo romance é "extremamente divertido" e que fala sobre a morte "e, portanto, é um livro sobre a vida".

A ausência de mortes de um dia para o outro, sonho milenar da Humanidade, como explicou José Saramago, converte-se repentinamente numa dor de cabeça para governantes e cidadãos.

"Como o tempo não pararia, as pessoas envelheceriam e ficariam numa situação de velhice eterna", afirmou o escritor no lançamento da sua obra.

Com uma população envelhecida, o governo desse país imaginário não sabe como resolver o problema da Segurança Social, as pessoas deixam de saber o que fazer com uma existência imortal e até a fé cristã fica em xeque, pois sem morte não há ressurreição nem vida eterna, comentou José Saramago.

O escritor revelou que teve a ideia de escrever esta obra ao ler um livro que relatava a morte de um pessoa e começou a pensar no que aconteceria se os homens não morressem. "O ser humano alimentou sempre a esperança de conseguir a imortalidade, mas sem a Morte a Vida seria um caos", comentou.

"Quando nasci, a esperança de vida na minha aldeia era de 35 anos e dentro de três semanas faço 83 anos, por isso já me sinto um bocado a entrar na eternidade", gracejou.»

CAETANO BARREIRA/epa in JN

quinta-feira, julho 19, 2007

segunda-feira, julho 09, 2007

Visitem Praga

Conhecida como "cidade das cem cúpulas", Praga é um dos mais belos e antigos centros urbanos da Europa, famoso pelo património arquitetónico e rica vida cultural.

O curso sinuoso do rio através da cidade, cheia de belas e antigas pontes, contrasta com a presença imponente do grande Castelo de Praga em Hradcany, que domina a capital na margem esquerda (oriental) do Vltava.

Podia fazer aqui uma enumeração infindável dos monumentos a visitar... mas para isso existem os guias (recomendo o guia da American Express). Não deixem de visitar a Ponte Carlos, a Zona do Castelo, a Praça Venceslau, O Museu Nacional, o Teatro Nacional, a Câmara da Cidade Antiga, Relógio Astronómico, etc..

Não perder ainda os espectáculos musiciais e teatrais a acontecer a toda a hora em muitos pontos da cidade...


Visitem, não se fiquem pelas descrições dos outros.

A cidade é um encanto bastante acessível aos nossos bolsos.


Esperança

quinta-feira, junho 28, 2007

O que eu sinto

"O que eu sinto é isto: «Neste momento estou a viver a vida que quero, à porta de um restaurante sem nome. Tenho uma dólar na mão para gastar, e vou jantar.» Vamos experimentar tudo o que vem no menu. Depois vamos dar umas voltas por Brooklyn e vamos atravessar a ponte com o panorama de Manhattan espraiado diante de nós, que me parece uma novidade sempre que o vejo. Depois vamos mergulhar na cidade. Vamos arranjar lugar para o carro a poucos quarteirões do meu apartamento na Rua Dez,e vamos comprar leite e o jornal de amanhã. Vamos tirar a roupa e deitar-nos na cama."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

A porta

"O que eu faria era o oposto do amor, e todavia não era ao amor que eu queria virar as costas, mas sim aos murmúrios que diziam que eu não podia perder aquela oportunidade. O problema era que aquela oportunidade não me parecia uma porta que se abria, parecia ums porta prestes a fechar-se. Eu começara a julgar o Neil para afirmar que eu é que decidia se queria abrir a porta ou não, para afirmar que eu é que escolhia a porta que queria abrir, e que existiriam mais portas que por sua vez abririam outras porta. Entretanto, eu transformara o Neil numa portas."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

Dena

"Penso em todos os motivos por que considero injusto a Dena pedir-me para não me envolver com o Matthew. Penso também em todos os motivos por que me recusei a prometer-lhe isso, e concluo que esses motivos nada têm a ver com a nossa amizade, mas sim com a forma como agora eu vejo a Dena.

Não sinto pena dela porque ela escolheu passar fim-de-semana atrás de fim-de-semana, Verão após Verão, com um homem que a faz pensar nos seus defeitos, um homem que não a deseja e nunca a desejará; e porque, entretanto, também escolheu envolver-se com um homem casado. Digo a mim própria que eu nunca faria essas escolhas."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

"here's to love"

Superficialidade

"Quando ela se deita e pega no seu livro sobre o Robert Moses e Nova Iorque, apercebo-me de que não sei nada sobre a história de Nova Iorque nem sobre a história dos Estados Unidos nem sobre a história de nada, nem moderna nem antiga; não tenho noções de geografia e nem sequer sei o que é a física. Tudo isto contribui para a minha superficialidade."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

Falta de talento

"Quando o Matthew e a Dena vão nadar no lago, pergunto-me porque é que nunca aprendi a nadar, ou a patinar, ou a cantar, ou a tocar piano. Sou preguiçosa; não tenho disciplina; não tenho paciência. Não consigo lembrar-me de ter desenvolvido uma única aptidão e também não me lembro de ter nenhum talento. Mal tenho emprego, quanto mais uma carreira."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

Todas as manhãs...

"Todas as manhãs fico surpreendida por o auto-rádio ainda estar no carro. Mas reparo que até os carros bons e novos estão estacionados na rua, e não vejo os sinais que costumava ver nos vidros dos carros: NÃO TEM AUTO-RÁDIO; NÃO HÁ NADA NA MALA NEM NO PORTA-LUVAS; JÁ ROUBARAM TUDO."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

Fi-lo para me sentir em paz

"Mas não foi Deus, nem a religião, nem o meu pai que me levaram a tirar a pulseira. Não o fiz por medo de ser apanhada, nem porque não me queria meter em sarilhos; fi-lo para me sentir em paz comigo."

Melissa Bank, em "Ao Sabor do Momento"

terça-feira, junho 19, 2007

"Omenagem à hortografia"

"A senhora menistra da Educação açegurou ao presidente da República que, em futuras provas de aferissão do 4.º e do 6.º anos de iscolaridade, os critérios vão ser difrentes dos que estão em vigor atualmente. Ou seja os erros hortográficos já vão contar para a avaliassão que esses testes pretendem efetuar.

Vale a pena eisplicar o suçedido, depois de o responçável pelo gabinete de avaliassões do Menistério da Educação ter cido tão mal comprendido e, em alguns cazos, injustissado. Quando se trata de dar opiniões sobre educassão, todos estamos com vontade de meter o bedelho. Pelo menos.

Como se sabe, as chamadas provas de aferissão não são izames propriamente ditos limitão-se a aferir, a avaliar - sem o rigôr de uma prova onde a nota conta para paçar ou para xumbar ao final desses ciclos de aprendizagem. Servem para que o menistério da Educação recolha dados sobre a qualidade do encino e das iscólas, sobre o trabalho dos profeçores e sobre as competênssias e deficiênçias dos alunos.

Quando se soube que, na primeira parte da prova de Português, não eram levados em conta os erros hortográficos dados pelos alunos, logo houve algumas vozes excandalisadas que julgaram estar em curso mais uma das expriências de mudernização do encino, em que o Menistério tem cido tão prodigo. Não era o caso porque tudo isto vem desde 2001. Como foi eisplicado, havia patamares no primeiro deles, intereçava ver se os alunos comprendiam e interpetavam corretamente um teisto que lhes era fornessido. Portantos, na correção dessa parte da prova, não eram tidos em conta os erros hortográficos, os sinais gráficos e quaisqueres outros erros de português excrito. Valorisando a competenssia interpetativa na primeira parte, entendiasse que uma ipotetica competenssia hortográfica seria depois avaliada, quando fosse pedido ao aluno que escrevê-se uma compozição. Aí sim, os erros hortográficos seriam, digamos, contabilisados - embora, como se sabe, os alunos não sejam penalisados: á horas pra tudo, quer o Menistério dizer; nos primeiros cinco minutos, trata-se de interpetar; nos quinze minutos finais, trata-se da hortografia.

Á, naturalmente, um prublema, que é o de comprender um teisto através de uma leitura com erros hortográficos. Nós julgáva-mos, na nossa inoçência, que escrever mal era pensar mal, interpetar mal, eisplicar mal. Abreviando e simplificando, a avaliassão entende que um aluno pode dar erros hortográficos desde que tenha perssebido o essencial do teisto que comenta (mesmo que o teisto fornessido não com tenha erros hortográficos). Numa fase posterior, pedesse-lhe "Então, criançinha, agora escreve aí um teisto sem erros hortográficos." E, emendando a mão, como já pedesse-lhe para não dar erros, a criancinha não dá erros.


A questão é saber se as pessoas (os cidadões, os eleitores, os profeçores, "a comonidade educativa") querem que os alunos saião da iscóla a produzir abundãnssia de erros hortográficos, ou seja, se os erros hortográficos não téêm importânssia nenhuma - ou se tem. Não entendo como os alunos podem amostrar "que comprenderam" um teisto, eisplicando-o sem interesar a cantidade de erros hortográficos. Em primeiro lugar porque um erro hortográfico é um erro hortográfico, e não deve de haver desculpas. Em segundo lugar, porque obrigar um profeçor a deixar passar em branco os erros hortográficos é uma injustiça e um pressedente grave, além de uma desautorizassão do trabalho que fizeram nas aulas. Depois, porque se o gabinete de avaliassão do Menistério quer saber comovão os alunos em matéria de competenssias, que trate de as avaliar com os instromentos que tem há mão sem desautorisar ou humilhar os profeçores.

Peçoalmente, comprendo a intensão. Sei que as provas de aferissão não contam para nota e hádem, mais tarde, ser modificadas. Paço a paço, a hortografia háde melhorar."

Francisco José Viegas escreve no JN, semanalmente, às segundas-feirasIn: JN; 04.06.2007

quarta-feira, junho 13, 2007

Deus

"Não cria num Deus que analisasse todas as orações, atendendo a umas e rejeitando outras, por mais decente ou mais indigno que fosse o requerente. Preferia, pelo contrário, crer num Deus que concedesse dons e capacidades a todas as pessoas, para depois as colocar num mundo imperfeito, onde seriam postas à prova e onde a sua fé teria sentido".

Nicholas Sparks, em "À Primeira Vista"

A terra é pequena

"-A terra é pequena. É o que fazemos por estas bandas. Sentamo-nos num círculo e falamos das outras pessoas. Ficamos a saber como correm as suas vidas, trocamos impressões, avaliamos se os outros estão certos ou errados e, se pudermos, resolvemos os problemas deles na privacidade da nossa própria casa. Na verdade, ninguém admite tal coisa, mas todos fazemos o mesmo. No fundo, é quase um modo de vida."

Nicholas Sparks, em "À Primeira Vista"

Os homens

"Doris encolheu os ombros. - Conheço os homens. Podem fazer uma birra dos diabos, sentirem-se frustrados ou preocupados com o trabalho ou com a vida, mas, no final, se souberes o que os faz correr é uma necessidade quase desesperada de se sentirem apreciados e admirados. Se os fizeres sentir assim, nem sabes o que são capazes de fazer por ti.

Lexie limitava-se a olhar para a avó. Ao prosseguir, Doris mostrava um sorriso melífluo. - Desejam, como é óbvio, fantásticas relações sexuais e esperam que as mulheres mantenham a casa limpa e arrumada, sem deixarem de parecer bonitas e de arranjarem energia suficiente para se divertirem juntos, mas a admiração e o apreço estão sempre presentes."

Nicholas Sparks, em "À Primeira Vista"

Não conseguia estar parado

"Não conseguia estar parado mais do que uns poucos minutos de cada vez; havia sempre algo para ler ou para estudar, a necessidade de escrever era constante. Apercebia-se de que, pouco a pouco, tinha perdido a capacidade de descontrair, de que tinha resultado um longo período da sua vida em que os meses se dissolviam numa massa, sem que nada diferenciasse um ano do outro."

Nicholas Sparks, em "À Primeira Vista"

Namoro e Casamento

"Simples, como vês - explicava Alvin. - Primeiro conheces uma rapariga simpática e namoras durante algum tempo, o suficiente para ambos se convencerem de que aceitam os mesmos valores, para ver se ambos são compatíveis e estão prontos para tomar a grande decisão: «a vida é nossa e queremos vivê-la juntos». Para decidir, por exemplo, qual das famílias irão visitar nas férias, se querem viver numa vivenda ou num apartamento, se preferem um cão ou um gato, quem, pela manhã, toma duche em primeiro lugar, quando ainda há água quente em abundância. Depois disto, se ainda estiverem basicamente de acordo, casam-se."

Nicholas Sparks, em "À Primeira Vista"

sábado, junho 09, 2007

O Velho e o Mar

«É tolice não ter esperança, pensou. Além de que suponho que é pecado. Não penses no pecado. Já sem ele há problemas de sobra. E do pecado não tenho entendimento».

«Não tenho dele entendimento, e até me parece que não acredito nele. Talve fosse pecado matar o peixe. Julgo que terá sido, embora o tenha morto para viver e dar de comer a muita gente. Mas então tudo é pecado. Não penses no pecado. É tarde demais para isso, e há gente paga para pensar nele. Eles que pensem. Tu nasceste para pescador, como os peixes para serem pescados. S. Pedro era pescador, como o pai do grande DiMaggio».

Ernest Hemingway, em "O Velho e o Mar"

Tenho as ideias claras

«Tenho as ideias claras, pensou. Claras demais. Tão claras como as estrelas que são minhas irmãs. Mas preciso de dormir. Elas dormem, e a lua e o sol dormem, até o oceano dorme às vezes, em certos dias, quando não há corrente e a calma é estanhada».

Ernest Hemingway, em "O Velho e o Mar"

segunda-feira, junho 04, 2007

Os Poemas da Minha Vida

“Enquanto outros trazem cruzes e medalhas ao pescoço, eu trago sempre um poema no bolso”

Miguel Veiga

Poemas de infância, de amor e de confidências já maduras. A série Os Poemas da Minha Vida volta a ser editada pelo PÚBLICO, agora numa versão mais alargada. Além de Mário Soares, Miguel Veiga, Freitas do Amaral e Urbano Tavares Rodrigues, outras personalidades conhecidas foram convidadas a partilhar os versos que mais os marcaram. É esse o caso de Marcelo Rebelo de Sousa, Vasco Graça Moura, António Lobo Xavier ou Maria Barroso.

Não perca: http://www.publico.clix.pt/coleccoes/poemasDaMinhaVida/default.asp

Boas Leituras

sexta-feira, junho 01, 2007

quinta-feira, maio 31, 2007

A poesia

«A poesia é mais verdadeira do que a história»

Aristóteles

sexta-feira, maio 25, 2007

Mistério

"É um mistério muito grande. Para vocês que também gostam do principezinho, tal como para mim, nada no universo é igual se nalgum lado, não se sabe onde, uma ovelha que não conhecemos, comeu ou não comeu uma rosa...
Olhem o céu. Perguntem a vocês mesmos: A ovelha comeu ou não comeu a flor? E verão como tudo se altera...
E nenhuma pessoa crescida compreenderá nunca como isso pode ter tanta importância!"

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

As estrelas

"-E quando estiveres consolado (acabamos sempre por consolar-nos) ficarás contente por me teres conhecido. Serás meu amigo para sempre. Terás vontade de rir comigo. E às vezes abrirás a janela sem qualquer razão, só por prazer... E os teus amigos ficarão bem espantados por te ver rir olhando o céu. Então dir-lhe-ás: «As estrelas fazem-me sempre rir!» E eles julgarão que estás louco. Ter-te-ei pregado uma bela partida..."

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

O Segredo

"Eis o meu segredo. É muito simples: só se pode ver com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

Cativar

"-Não, disse o principezinho, procuro amigos. O que é que significa «cativar»?
-É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa «criar laços...»
-Criar laços?
-Isso mesmo, disse a raposa. Para mim não passas ainda de um rapazinho muito parecido com cem mil rapazinhos. E não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Para ti sou apenas uma raposa semelhante a cem mil raposas. Mas, se me cativares, teremos necessidade um do outro. Para mim serás único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
(...)
-Só se conhecem as coisas que se cativam, disse a raposa. Os homens já não têm tempo para conhecer o que quer que seja. Compram coisas feitas nos comerciantes. Mas como não existem comerciantes de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres ter um amigo, cativa-me!"

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

O geógrafo

"O geógrafo é demasiado importante para poder passear. Nunca deixa o seu escritório. Mas recebe os exploradores. Interroga-os e toma nota das suas recordações. E se as recordações de um deles lhe parecem interessantes, o geógrafo manda fazer um inquérito sobre a moralidade do explorador."

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

Um verdadeiro sábio

"-Julgar-te-ás então a ti próprio, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É muito mais difícil alguém julgar-se a si próprio do que julgar outra pessoa. Se conseguires julgar-te a ti próprio bem, é porque és um verdadeiro sábio.
-Eu, disse o principezinho, posso julgar-me a mim próprio em qualquer sítio. Não preciso de viver aqui."

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

quinta-feira, maio 24, 2007

quarta-feira, maio 23, 2007

Alegria do Presente

"Ama muito,
Sofre pouco,
Luta bastante
E VENCE SEMPRE!!!

Sem medo e sem preconceitos do que os outros poderão pensar,
A vida são dois dias e apenas um sorriso entre duas lágrimas.


Aproveita e nunca deixes que a tristeza do teu passado
e o medo do futuro estraguem a alegria do presente!"

Autor desconhecido

quarta-feira, maio 16, 2007

terça-feira, maio 15, 2007

Um amigo

“É triste esquecer um amigo. Nem toda a gente teve um amigo. Posso ficar como as pessoas crescidas que só se interessam por números. (…) O meu amigo nunca dava explicações. Talvez me julgasse semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver ovelhas através de caixas. Sou talvez um pouco como as pessoas crescidas. Devo ter envelhecido.”

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

Os números

“As pessoas crescidas gostam de números. Quando lhes falam de um novo amigo, nunca vos fazem perguntas sobre o essencial. Nunca vos dizem: «Como é a sua voz? Quais são os seus jogos preferidos Faz colecção de borboletas?» Perguntam: «Que idade tem? Quantos irmãos tem? Quanto pesa? Quando ganha o seu pai?» Só então pensarão conhecê-lo. Se disserem às pessoas crescidas: «Vi uma linda casa, feita de tijolos vermelhos, com gerânios nas janelas e pombas no telhado» elas não conseguem imaginar a casa. É preciso dizer-lhes: «Vi uma casa de dez mil contos». Então exclamam: «Como deve ser bonita!» ”

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

Asteróide B 612


“Tenho sérias razões para supor que o planeta de onde vinha o principezinho é o asteróide B 612. Este asteróide foi observado uma única vez ao telescópio, em 1909, por um astrónomo turco.

Fizera, nessa altura, uma grande demonstração da sua descoberta num Congresso Internacional de Astronomia. Mas ninguém acreditou nele por causa das roupas que usava. As pessoas crescidas são assim.”

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

As pessoas crescidas

“As pessoas crescidas nunca conseguem perceber nada sozinhas e é muito cansativo, para as crianças, estar sempre a dar-lhes explicações. (…) Tive, assim, ao longo da minha vida, inúmeros contactos com inúmeras pessoas sérias. Convivi muito com as pessoas crescidas. Vi-as de muito perto. Isso não melhorou muito a minha opinião sobre elas.”

Antoine de Saint-Exupéry, em “O Principezinho”

sexta-feira, maio 11, 2007

segunda-feira, maio 07, 2007

domingo, maio 06, 2007

A explicação da estupidez

"A explicação do capitão Jaime Forza Leal, com a camisa aberta sobre a nesga da cicatriz, era inesperada, mas ao mesmo tempo tão reveladora que várias pessoas do cortejo se sentiram a princípio chocadas pela estupidez, depois sentiram ódio pela estupidez e a seguir indiferança pela estupidez. Não se conseguia ter solidariedade com quem morria por estupidez como aqueles blacks. Entreolharam-se estupetactos. Já não importava quantos mainatos não tinham regressado ao seu subtil emprego. Já não importava - e mulher de oficial que vertesse uma lágrima, furtiva que fosse, por qualquer mainato desaparecido durante aquela noite, deveria ser considerada estúpida. De repente, as roupas de dormir em que a maioria se encontrava no hall roçagaram duma outra maneira. Tudo parecia distinto do que tinha sido imaginado, ficando de súbito aquela madrugada sem piedade e sem beleza, já que havia um caso de estupidez atrás. Esse molho acre, e sudoroso, a estupidez. Como era possível?"

Lídia Jorge, em "A Costa dos Mumúrios"

Skirl ( Kazabue )

sábado, maio 05, 2007

Ternura

"A imaginação despertava a ternura.

Ternura? Sim, e amor, e excitação. Os noivos, por exemplo, sentiram que não estavam ali a fazer nada em comparação com o que poderiam fazer se recolhessen ao pequeno quarto. Afinal, o noivo era um dos que dentro de escassos dias sairia para Mueda. O prenúncio de vitória que chegava daquela forma tão evidente na noite do seu próprio casamento impelia-o para o amor como as sementes para a terra. O noivo receou que o seu robe se abrisse e se descompusesse. A sua espingarda de carne irrompesse no terraço como um ramo que se solta. Comprimi-a, mas enquanto os outros enxergavam com binóculo, ele pressentia as coisas sem as olhar e metia as mãos como duas centopeias pelo decote da noiva até se apoderar dos dois montículos de Evita. Aliás, ali mesmo, no terraço, podiam ambos soltar pequenos gemidos sem que nonguém desse por isso, uma vez que todos os seus, ainda que aparentemente por outros motivos".


Lídia Jorge, em "A Costa dos Mumúrios"

"essa hora"

"Aliás, todos aguardavam essa hora, cada qual pelo seu mainato que já imaginavam de pés hirtos, olhos fechados para sempre, dentro de um terrível carro de transportar lixo. Mas ainda só se trabalhava com suposições, porque a razão verdadeira, essa ainda ninguém sabia."

Lídia Jorge, em "A Costa dos Murmúrios"

quinta-feira, maio 03, 2007

Os noivos

"Os noivos olhavam-se cheios de ternura. Para além deles não estava ninguém no pequeno bar de caniço, e como o fim do dia era de mais, podiam beijar-se só para eles mesmos, pela boca e pelas orelhas, impelidos sem dúvida pelo instinto de nidificação que suspirava do mundo."

Lídia Jorge, em "A Costa dos Murmúrios"

Pena!

"Pena! Ainda era muito cedo para se fechar a tarde, ainda era muito cedo para se falar de guerra, que aliás não era guerra, mas apenas uma rebelião de selvagens. Ainda era muito cedo para se falar de selvagens - eles não tinham inventado a roda, nem a escrita, nem o cálculo, nem a narrativa histórica, e agora tinham-lhes dado umas armas para fazerem uma rebelião..."

Lídia Jorge, em "A Costa dos Murmúrios"

O beijo

"O fotógrafo subiu a cadeiras e desceu até ao chão, de modo a ficar completamente estendido para apanhar o beijo em todas as posições. Por isso, o noivo continuava com os olhos fechados, e ela só de vez em quando abria os seus, e o cortejo aplaudia incessantemente como no final duma ária subtil que certamente não se ouvirá jamais."

Lídia Jorge, em "A Costa dos Murmúrios"

Now we are free

A boca

"O noivo aproximou-se-lhe da boca, a princípio encontrou os dentes, mas logo ela parou de rir e as línguas se tocaram diante do fotógrafo".

Lídia Jorge, em "A Costa dos Murmúrios"

quarta-feira, maio 02, 2007

O que tu és

"Sabias que és fácil, difícil e impossível?!!?...
Pois mas és...

És FÁCIL de querer,
DIFÍCIL de encontrar e
IMPOSSÍVEL de esquecer!!"

Autor desconhecido

Se existir que seja assim

"Se existir guerra, que seja de almofadas

Se existir fome que seja de amor

Se for para esquentar que seja o sol

Se for para enganar que seja o estômago

Se for para chorar que seja de alegria

Se for para roubar que seja um beijo

Se for para perder que seja o medo

Se for para cair que seja na gandaia

Se for para ser feliz, que seja o tempo todo!!!

Amigos nunca se perdem, apenas trilham caminhos diferentes... mas permanecem sempre num lugar chamado coração..."

Autor desconhecido

terça-feira, abril 24, 2007

Crise da autoridade familiar

Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.
"As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
"As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.
Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores. No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa. "
O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.
Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos"
Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que se transformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos".
A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
"A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, "uma oportunidade e um privilégio".
"Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina", frisa Fernando Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos".
"Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia ", afirmou. Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam. Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

quinta-feira, março 22, 2007

Quebra a corrente


Criancinhas
A criancinha quer Playstation. A gente dá.
A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.
A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.
Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher. Desperta.
É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.
A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias». Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos .
Isto são os Paizinhos que se dizem Modernos.
É por isso que hoje em dia não há respeito por ninguém, em lado nenhum.
Vai ser este o Futuro da nova geração.


quinta-feira, março 15, 2007

A linguagem perfeita

"A única linguagem verdadeira no mundo é o beijo"

Alfred de Musset

quarta-feira, março 14, 2007

De Que Vale a Sabedoria ?

"Os homens que se entregam à sabedoria são de longe os mais infelizes. Duplamente loucos, esquecem que nasceram homens e querem imitar os deuses poderosos, e a exemplo dos Titãs, armados com as ciências e as artes, declaram guerra à Natureza. Ora, os menos infelizes são aqueles que mais se aproximam da animalidade e da estupidez.

Tentarei fazer-vos entender isto, usando, em vez dos argumentos dos estóicos, um exemplo crasso. Haverá, pelos deuses imortais, espécie mais feliz que os homens a quem o vulgo chama loucos, parvos, imbecis, cognomes belíssimos, na minha opinião? Esta afirmação poderá a princípio parecer insensata e absurda e, no entanto, nada há de mais verdadeiro. Tais homens não receiam a morte, e, por Júpiter! isso já não representa pequena vantagem! A sua consciência não os incomoda. As histórias de fantasmas não os aterrorizam, nem os afecta o medo das aparições e espectros, nem os males que os ameaçam ou a esperança dos bens que poderão vir a receber. Nada, em resumo, os atormenta, isentos dos mil cuidadeos de que a vida é feita. Ignoram a vergonha, o medo, a ambição, a inveja e chegam mesmo, se são suficientemente estúpidos, a gozar o privilégio, segundo os teólogos, de não cometerem pecados.

Passai agora em revista, ó louco sábio, todas as noites e infinitos dias em que a inquietação crucifica a tua alma. Olha bem para todos os aborrecimentos da tua vida e tenta compreender, enfim, de quantos males eu liberto os meus loucos. Acresce ainda que não só passam o tempo em divertimentos, risos e canções, como levam a todos os que os rodeiam o prazer, os seus jogos, o divertimento e a alegria, como se a indulgência divina os tivesse destinado a afastar a tristeza da vida humana. Além disso, quaisquer que sejam as disposições de uns para os outros, todos os reconhecem como amigos; procuram-nos, adoram-nos, acarinham-nos, gostam de conversar com eles, permitem-lhes que tudo digam e tudo façam. Ninguém os tenta prejudicar e os próprios animais ferozes evitam fazer-lhes mal como se instintivamente os soubessem inofensivos. Estão, com efeito, sob a protecção dos deuses e sobretudo sob a minha égide, rodeados pelo respeito universal."

Erasmo de Roterdão, in "Elogio da Loucura" (fala a Loucura)

terça-feira, março 13, 2007

Não há Comunicação sem Envolvimento

"Só através de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraído essa música e considerares distraídamente esse templo, não nascerá nada em ti, nem serás alimentado. O único meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido é, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela.
(...)
Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam. "

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'

segunda-feira, março 12, 2007

Cerimonial do Amor

"Se não houver esperanças de que o teu amor seja recebido, o que tens a fazer é não o declarar. Poderá desenvolver-se em ti, num ambiente de silêncio. Esse amor proporciona-te então uma direcção que permite aproximares-te, afastares-te, entrares, saíres, encontrares, perderes. Porque tu és aquele que tem de viver. E não há vida se nenhum deus te criou linhas de força. Se o teu amor não é recebido, se ele se transforma em súplica vã como recompensa da tua fidelidade, se não tens coração para te calares, nessa altura vai ter com um médico para ele te curar. É bom não confundir o amor com a escravatura do coração. O amor que pede é belo, mas aquele que suplica é amor de criado.

Se o teu amor esbarra com o absoluto das coisas, se por exemplo tem de franquear a impenetrável parede de um mosteiro ou do exílio, agradece a Deus que ela por hipótese retribua o teu amor, embora na aparência se mostre surda e cega. Há uma lamparina acesa para ti neste mundo. Pouco me importa que tu não possas servir-te dela. Aquele que morre no deserto tem a riqueza de uma casa longínqua, embora morra. Se eu construir almas grandes e escolher a mais perfeita para a rodear de silêncio, ficarás com a impressão de que ninguém recebe nada com isso. E, no entanto, ela enobrece todo o meu império. Quem quer que passa ao longe, prosterna-se. E nascem os sinais e os milagres. Não importa que o amor que alguém nutre por ti seja um amor inútil. Desde que tu lhe correspondas, caminharás na luz. Grande é a oração à qual só responde o silêncio; basta que o deus exista. Se o teu amor é aceite e há braços que se abrem para ti, então pede a Deus que salve esse amor de apodrecer. Eu temo pelos corações cumulados."

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

quinta-feira, março 08, 2007

8 de Março - Dia da Mulher! Porquê?!

Dia Internacional da Mulher

PORQUÊ O DIA 8 DE MARÇO

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

O QUE SE PRETENDE COM A CELEBRAÇÃO DESTE DIA
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.
Um feliz dia da Mulher para todos os Homens!
É importante contribuir para uma sociedade sem marginalizados.
Esperança

domingo, março 04, 2007

Outra música que mexe...



À espera das coisas boas ou das boas coisas...

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Exigimos respeito pelo Professor

*Carta a Miguel Sousa Tavares*

No número 1784 do Jornal Expresso, publicado no passado dia 6 deJaneiro, o colunista Miguel Sousa Tavares desferiu um violentíssimo ataque contra os professores (que não queriam fazer horas de substituição), assim como contra os médicos (que passavam atestados falsos) e contra os juízes (que, na relação laboral, pendiam para os mais fracos e até tinham condenado o Ministério da Educação a pagar horas extraordinárias pelas aulas de substituição). Em qualquer país civilizado, quem é atacado tem o direito de se defender. De modo que a professora Dalila Cabrita Mateus, sentindo-se atingida, enviou ao Director do Expresso, uma carta aberta ao jornalista Miguel Sousa Tavares. Contudo, como é timbre dum jornal de referência que aprecia o contraditório, de modo a poder esclarecer devidamente os seus leitores, o Expresso não publicou a carta enviada.
Aqui vai, pois, a tal Carta Aberta, que circula pela Net. Para que seja divulgada mais amplamente, pois, felizmente, ainda existe em Portugal liberdade de expressão.
*Carta duma professora*
«Não é a primeira vez que tenho a oportunidade de ler textos escritos pelo jornalista Miguel Sousa Tavares. Anoto que escreve sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo quando depois se verifica que conhece mal os problemas que aborda. É o caso, por exemplo, dos temas relacionados com a educação, com as escolas e com os professores. E pensava eu que o código deontológico dos jornalistas obrigava a realizar um trabalho prévio de pesquisa, a ouvir as partes envolvidas, para depois escrever sobre a temática de forma séria e isenta.
O senhor jornalista e a ministra que defende não devem saber o que é ter uma turma de 28 a 30 alunos, estando atenta aos que conversam com os colegas, aos que estão distraídos, ao que se levanta de repente para esmurrar o colega, aos que não passam os apontamentos escritos no quadro, ao que, de repente, resolve sair da sala de aula.
Não sabe o trabalho que dá disciplinar uma turma. E o professor tem várias turmas. O senhor jornalista não sabe (embora a ministra deva saber) o enorme trabalho burocrático que recai sobre os professores, a acrescer à planificação e preparação das aulas. O senhor jornalista não sabe (embora devesse saber) o que é ensinar obedecendo a programas baseados em doutrinas pedagógicas pimba, que têm como denominador comum o ódio visceral à História ou à Literatura, às Ciências ou à Filosofia, que substituíram conteúdos por competências, que transformaram a escola em lugar de recreio, tudo certificado por um Ministério em que impera a ignorância e a incompetência.
O senhor jornalista falta à verdade quando alude ao «flagelo do absentismo dos professores, sem paralelo em nenhum outro sector de actividade, público ou privado». Tal falsidade já foi desmentida com números e por mais de uma vez. Além do que, em nenhuma outra profissão, um simples atraso de 10 minutos significa uma falta imediata. O senhor jornalista não sabe (embora a ministra tenha obrigação desaber) o que é chegar a uma turma que se não conhece, para substituir uma professora que está a ser operada e ouvir os alunos gritarem contra aquela «filha da puta» que, segundo eles, pouco ou nada veio acrescentar ao trabalho pedagógico que vinha a ser desenvolvido.
O senhor jornalista não imagina o que é leccionar turmas em que um aluno tem fome, outro é portador de hepatite, um terceiro chega tarde porque a mãe não o acordou (embora receba o rendimento mínimo nacional para pôr o filho a pé e colocá-lo na escola), um quarto é portador de uma arma branca com que está a ameaçar os colegas. Não imagina (ou não quer imaginar) o que é leccionar quando a miséria cresce nas famílias, pois «em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão».
O senhor jornalista não tem sequer a sensibilidade para se pôr no lugar dos professores e professoras insultados e até agredidos, em resultado de um clima de indisciplina que cresceu com as aulas de substituição, nos moldes em que estão a ser concretizadas.
O senhor jornalista não percebe a sensação que se tem em perder tempo, fazendo uma coisa que pedagogicamente não serve para nada, a não ser para fazer crescer a indisciplina, para cansar e dificultar cada vez mais o estudo sério do professor. Quando, no caso da signatária, até podia continuar a ocupar esse tempo com a investigação em áreas e temas que interessam ao país.
O senhor jornalista recria um novo conceito de justiça. Não castiga o delinquente, mas faz o justo pagar pelo pecador, neste caso o geral dos professores penalizados pela falta dum colega. Aliás, o senhor jornalista insulta os professores, todos os professores, uma casta corporativa com privilégios que ninguém conhece e que não quer trabalhar, fazendo as tais aulas de substituição. O senhor jornalista insulta, ainda, todos os médicos acusando-os de passar atestados, em regra falsos.
Tal como o Ministério, num estranho regresso ao passado, o senhor jornalista passa por cima da lei, neste caso o antigo Estatuto da Carreira Docente, que mandava pagar as aulas de substituição. Aparentemente, o propósito do jornalista Miguel Sousa Tavares não era discutir com seriedade. Era sim (do alto da sua arrogância e prosápia) provocar os professores, os médicos e até os juízes, três castas corporativas. Tudo como propósito de levar a água ao moinho da política neoliberal do governo, neste caso do Ministério da Educação. »
Dalila Cabrita Mateus, professora, doutora em História Moderna eContemporânea».

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Simplesmente Tu!

O ego desprovido da corrupção do mundo, da fraqueza humana, da crueldade que elimina a pureza do ser. Sentir a força, a coragem que me dás sendo apenas tu próprio. Uma confiança que se apodera de mim como a sede de liberdade, a sede de poder ser eu própria e amada como tal.

Tu que chegaste onde nenhum chegou, tu que me deixas ser o que sempre quis mas não o era por medo. O medo que nunca senti a teu lado. Não se explica. Sente-se...

Sandra Bastos
Fevereiro 2007

domingo, fevereiro 11, 2007

Ennio Morricone - Cinema Paradiso

Até que entendeu.

"Quando olhou, o quarto encontrava-se vazio. Ninguém lá estava. A luz brilhava tão intensamente que ela pôde ver as verdadeiras cores das paredes e do chão. Nunca antes vira as paredes. A cama estava vazia. Ela sempre o soubera, mas só agora tomou consciência desse facto. Olhou para o lençol e o cobertor amarrotados do lado onde ela própria dormia, o único que estava a ser usado.

Entrou no quarto e dirigiu-se à janela. Abriu-a. Abriu a janela de par em par. Não sabia porque fizera isto. Até que entendeu. Queria sentir o cheiro forte do mar a bater-lhe no rosto e o fluxo do tempo a percorrer-lhe o corpo, para ficar a saber quem era."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Corre o risco

"Será que aquilo que está a acontecer é tão diferente das experiências habituais do mundo exterior que te sentes obrigada a arranjar desculpas para justificá-lo, ou a atribuir-lhe o estatuo subalterno de ilusão dos sentidos?
Dar-se-á o caso de a realidade ser demasiado poderosa para ti?
Corre o risco. Acredita no que vês e no que ouves. É a pulsação de todas as sugestões secretas que alguma vez sentiste em torno das margens da tua vida."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Amor e Cinema Paradiso

Dá livre curso à morte

"Por que não hás-de mergulhar na morte? Deixa que a morte te arraste para o fundo. Dá livre curso à morte.
Por que não há-de a morte de uma pessoa que amamos arrastar-nos para a mais lúgubre decadência? Não sabemos como amar aqueles que amamos até ao dia em que eles desaparecem abruptamente. Só então nos apercebemos daquela pequena distância em relação ao seu sofrimento que poucas vezes soubemos superar, do modo como nos resguardámos, como só raramente abrimos o nosso coração, sempre a tecermos as nossas teias de deve-e-haver."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

O que é que resta?

"Nós não paramos, ficamos despojados, menos seguros de nós mesmos. Não sei. Quando sonhamos ou temos muita febre ou estamos drogados ou deprimidos, é ou não verdade que o tempo abranda ou parece parar? Que é que resta? Quem resta?"

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Eis a regra do tempo

"Significa que a nossa vida e a nossa morte já estão definidas, e só nos é exigido que não faltemos à chamada. (...)

Algo está a acontecer. Aconteceu. Vai acontecer. Eis aquilo em que ele acreditava. Há uma história, um fluxo de consciência e de possibilidades. O futuro toma forma. (...)

Mas que sabia ela? Nada. Eis a regra do tempo. É a coisa da qual nada sabemos. (...)

Passado, presente e futuro não são artifícios de linguagem. O tempo desdobra-se nas costuras do ser. Passa através de nós, cria-nos e molda-nos."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

O tempo é a única narrativa que conta

"O tempo é a única narrativa que conta. Prolonga os acontecimentos e torna possível que sintamos dor e a superemos e que assistamos ao espectáculo da morte e continuemos a viver. Mas não para ele. Ele move-se noutra estrutura, noutra cultura, onde o tempo é uma dimensão à parte, que não oferece abrigo."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Talvez

"Seja lá como for. A expressão mais frouxa que existe. E mais ou menos. E talvez. Sempre talvez. Ela estava sempre a usar talvezes."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Tempo

"Nós somos feitos de tempo. É essa a força que nos confere uma identidade própria. Basta fecharmos os olhos e sentimo-la. É o tempo que define a nossa existência."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Uma pessoa se esquece

"Era o género de dia em que uma pessoa se esquece do que ia fazer e deixa cair coisas e entra numa sala e fica a pensar o que é que veio ali buscar, porque ali entrou por alguma razão foi e acaba por dizer a si mesma que é apenas uma questão de tempo até se lembrar porque a pessoa acaba sempre por se lembrar depois de entrar na sala."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Memórias do Verão

Chove muito. É com este Inverno que sinto saudades do Verão. O calor, a alegria, os gelados e as noitadas ao ar livre. Sorrisos, olhares e palavras bonitas...

Recordações de um Verão marcado por esta música... mas as imagens estão guardadas na minha memória :)

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

ELOGIO AO AMOR (Miguel Esteves Cardoso)

Recebi hoje um mail com este texto...

"Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa.
Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.

O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.

Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra.

A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos
acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso

sábado, fevereiro 03, 2007

Olhemos.

"Olhemos. O corpo que pulsa debilmente, amortalhado no lençol. Eis o que sentimos, a olhar para o corpo silencioso e vulnerável, quase anónimo, ou quando jazemos ao lado do nosso marido depois de termos feito amor e respiramos o calor dos seus sonhos impiedosos e perguntamos a nós mesmas quem ele é, meditamos ternamente na verdade que nunca chegaremos a conhecer, porque esse é o segredo que o sono protege nas suas profundezas neuronais, nos seus estratos, camadas e pregas."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

O mesmo pobre diabo...

"Observou-o. Era o mesmo pobre diabo que se lhe deparara de início, um homem desprovido da mais pequena percepção do efeito que exercia sobre os outros."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Viver outra vez

"O plano dela era organizar o tempo até conseguir viver outra vez."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Unir o corpo e o espírito

"Nos primeiros dias depois do regresso, comeu uma amêijoa estragada e passou as horas seguintes a precipitar-se para a casa de banho. Ao menos, porém, isso serviu para ela reaver o corpo. Não há como uma tremenda caganeira, pensou, para unir o corpo e o espírito."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Dias sempre iguais

"Sentia-se ali como em sua casa e percorria os dias muito depressa, dias com as suas pequenas rotinas entorpecedoras, dias sempre iguais, ritmados e organizados mas com uma estagnação simultânea, descentrados, por vezes vazios aqui e além, dias que se moviam tão lentamente que chegava a a doer."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Achas isso boa ideia?

"Ela quase retorquiu: Achas isso boa ideia? Mas acabou por se abster. Porque seria um comentário tão desnecessário. Porque seria muito mesquinho dizer uma coisa dessas, de manhã ou em qualquer altura, num dia de intensa claridade, depois de um temporal."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

Às vezes

"Às vezes, não se lembra do que lhe quer dizer até que ele sai da divisão onde se encontram. Nessa altura, lembra-se. E então ou chama por ele ou não e ele volta atrás ou não."

Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

O tempo parece escoar-se

"O tempo parece escoar-se. O mundo acontece, prolonga-se numa sucessão de momentos e nós detemo-nos a olhar uma aranha espalmada contra a sua teia. (...) Sabemos melhor quem somos num dia de intensa claridade, depois de um temporal, quando o sentimento de si trespassa todas as folhas que caem, mesmo as mais pequenas."


Don DeLillo, em "O Corpo Enquanto Arte"

domingo, janeiro 28, 2007

O Ramalhete (Os Maias)

Fatalismo mulçumano

"Era o fatalismo mulçumano. Nada desejar e nada recear... Não se abandonar a uma esperança - nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes e de dias suaves. E, nesta placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada que se chama o Eu, ir-se deteriorando e decompondo até reentrar e se perder no infinito Universo".

Eça de Queirós, em "Os Maias"

marchando um para o outro

" - Carlinhos da minha alma, é inútil que ninguém ande à procura da "sua mulher". Ela virá. Cada um tem a "sua mulher" e necessariamente tem de a encontrar. (...) estais ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro!"

Eça de Queirós, em "Os Maias"

A Gouvarinho

"Está hoje chique a valer a Gouvarinho! E a pedir homem!"


Eça de Queirós, em "Os Maias"

A velhice

"E afastou-se, todo dobrado sobre a bengala, vencido enfim por aquele implacável destino que, depois de o ter ferido na idade da força com a desgraça do filho - o esmagava ao fim da velhice com a desgraça do neto."

Eça de Queirós, em "Os Maias"

domingo, janeiro 21, 2007

Anthem

A propósito do post anterior (alma perdida), acrescento Anthem do musical Chess...

Uma alma perdida

Uma alma perdida, um ser submerso no efémero, no fútil, naquilo que se esvanece ao segundo deixando pendurado um vazio permanente, calcado pela agitação de um quotidiano exigente.

Sandra Bastos
Dezembro 2006

quinta-feira, janeiro 18, 2007