sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Amigos com Carácter

"A vida caminha precipitadamente. Perseguimos alguns esquemas flutuantes ou somos perseguidos por algum medo ou autoridade atrás de nós. Mas, se, de repente, encontramos um amigo, paramos; o nosso calor e a nossa pressa tornam-se ridículos. Ora a pausa, ora o domínio são necessários e também a força para encher o momento dos eflúvios do coração. O momento é tudo, em todas as relações nobres. Uma pessoa divina é a profecia do espírito; um amigo é a esperança do coração. A nossa ventura espera pela concretização destas duas em uma.
Os séculos estão a dilatar essa força moral. Toda a força é a sombra ou o símbolo daquela. A poesia é alegre e forte quando extrai nessa fonte a sua inspiração. Os homens só inscrevem os seus nomes no mundo quando estão cheios deste. A história tem sido ignóbil; as nossas nações têm sido a gentalha; nunca vimos um homem: essa forma divina que ainda não conhecemos, mas apenas o sonho e a profecia de tal; não conhecemos os modos majestosos que lhe são peculiares e que acalmam e exaltam o observador. Um dia veremos que a energia mais particular é a mais pública, que a qualidade afina com a quantidade e a grandeza de carácter actua na sombra e socorre aos que nunca a viram. O que de grandeza já apareceu são os princípios e estímulos para que prossigamos nesse sentido. A história daqueles deuses e santos que o mundo tem escrito, e depois adorado, são provas de carácter."
Ralph Waldo Emerson, in 'O Carácter'

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Alma perdida

"Alma Perdida
Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...
Alma Perdida
Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!..."
Flor Bela Espanca

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Pensamento do dia

"Há lágrimas na natureza das coisas e a certeza do efémero toca-nos o coração."
Vergílio

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Tributo a Fernando Pessoa

(...) "Triste de quem é feliz!
Vive porque dura.
Nada na alma lhe diz
mais que a lição da raíz
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
no tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
que as forças cegas se domem
pela visão que a alma tem!"
(...)

Fernando Pessoa, Mensagem - Encoberto

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O grande enigma

"Cada um de nós é um enigma, que a maior parte das vezes fica por decifrar."
Miguel Torga
Bichos

terça-feira, fevereiro 14, 2006

"Ligados assim para a vida e para a morte"

"Fazemos parte do mesmo presente temporal e, quer queiras, quer não, do mesmo futuro intemporal. Agora, sofremos as vicissitudes que o momento nos impõe, companheiros na premente realidade quotidiana; mais tarde, seremos o pó da História, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas angústias, e tu das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã estivessemos unidos nos factos fundamentais que a posteridade há-de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tenha estado um homem é preciso que esteja ou tenha estado a humanidade."
Miguel Torga
Prefácio de Bichos

Quem sou?

Olá!
Eu sou a Esperança Martins. Conheço a Sandra há uns anos e sinto-me muito contente pelo convite feito. Gosto do blog e tenho vontade de escrever "umas coisas". É claro q vou tentar não estragar a sua qualidade.
Sou fã da escrita da Sandra e também uma amiga.
Como os nossos amigos, muitas vezes, dizem muito sobre nós, não tenho mais nada para dizer sobre mim.
Esperança

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Agradecimentos

Aos meus irmãos (Marta, Alberto, Rosa e Samuel), a quem dedico este livro (Os Seis), pelo apoio incondicional não só a nível profissional, mas, sobretudo, a nível pessoal. Obrigada por tornarem possível esta caminhada! Tudo o que eu fizer por vós será pouco para vos agradecer tudo o que fizeram por mim!

Aos meus pais, por me terem aturado com tanta paciência e por me terem dado a possibilidade de realizar muitos sonhos. Sem eles, nada disto seria possível!


À minha sobrinha Elisa, pelo teu lindo sorriso e por tudo o que ainda vais ser!

Aos meus avós por tudo que fizeram por mim.

Aos meus primos e primas, por todos os momentos fantásticos (e ajudas): Isabel e Paulo, Catarina, Raquel e Luís, Hugo, Tânia e Ricardo, Tina e Lino, Fredo e Toni.

Aos meus tios e tias, principalmente aos meus padrinhos - Rosa e Francisco - sempre presentes nos momentos mais importantes.

Às minhas amigas Cláudia Almeida, Teresa Costa, Susana Azevedo e Sandrine Costa, pela presença em todos os momentos, principalmente naqueles em que mais precisei de vós, e pela força com que apoiaram todos os meus projectos.

Ao grande amigo David Barros, com quem partilhei momentos únicos, durante 12 anos, e com quem percorri etapas fundamentais em todos os campos da minha vida.

Aos amigos do liceu (Ana Linhares, Cristiano, Guilherme, Esperança e Mónica), pela amizade e por todo o incentivo que me deram, nomeadamente quando escrevi o meu primeiro livro.

À minha ama Ana Maria e também à ama da minha adolescência - Paula, por todo o carinho e por tudo o que aprendi convosco, ainda hoje.


Aos jovens do Projecto NTA: Abel (e Rosária também), Natália, Marlene, Luís Carlos, Tânia, Ricardo Vítor e Nuno), pela inspiração, pelos projectos realizados, pelo crescimento que me possibilitaram, pelas experiências e, sobretudo, pelos bons momentos!


Aos músicos que tocaram no lançamento, pelo seu talento e musicalidade, por serem pessoas tão admiráveis. Agradecimento especial aos amigos César (e Ana Isabel) e José Moura (e Diana), por todo o apoio na minha vida profissional, desde que vos conheci.

A todos os professores que me apoiaram, em todos os campos da minha vida profissional.

Aos amigos Fraga, Susana Janeiro, Liliana, Fátima, Sara Fernandes, Sandra Patrícia, Julieta, Ricardo Almeida... que, de variadas formas, contribuiram para o meu amadurecimento.

A todos os colegas, na Universidade, no Conservatório, nas bandas, noutros grupos:
Obrigada!

Lançamento "Os Seis" - Sandra Bastos

O dia parecia começar bem, o sol brilhava, não estava muito frio. Antes de sair de casa, ultimava os últimos preparativos para que nada falhasse. E não falhou. Correu melhor do que nos meus sonhos.
Perto das 15h30, a hora marcada para o início da sessão literária, estava preocupada: pouca gente, nem sinais da professora Manuela... Como sou portuguesa percebo a hostilidade que estes cidadãos têm à pontualidade. Confesso que também sou assim (as minhas amigas que o digam).

Nem imaginam a confusão que me fez ficar na mesa de honra, olhar de frente para o auditório quase cheio, com as pessoas que convidei (e não só). Todavia, a sensação é melhor do que fazer uma audição ou prova de trompa. Acreditem que tocar sózinha é bem mais complicado. Mesmo que a sessão acabasse naquele momento, só de receber a prova de apoio dos meus familiares e amigos, já valia pena todo o percurso que fiz até àquele dia.


Quanto ao que disseram do meu trabalho, para não parecer suspeito da minha parte, vou fazer um resumo do que a minha colega de curso Mariana Pinheiro fez para o Jornal de Barcelos.

A professora Manuela Ascensão Correia, a quem coube a apresentação literária, e que foi minha professora de Português do 10º ao 12º ano, teve uma intervenção brilhante. A interpretação que ela fez d'Os Seis está de acordo com aquilo que eu queria transmitir quando escrevi este livro. Segundo a professora, "Os Seis" são "um romance extremamente realista, cheio de vida e impetuoso". Entre outras coisas, a professora Manuela acha que "a Sandra mostra-nos as personagens, veste-as, confere-lhes vida própria e este é um feito que só se consegue com muitos anos de experiência".

O professor Fernando Pinheiro, que foi meu professor de Oficina de Expresssão Dramática, no 11º ano, acompanhou todo o processo da publicação, que já durava desde Junho do ano passado. Segundo o professor Pinheiro, "Foi um prazer muito grande o facto de termos publicado este livro. A Sandra é uma pessoa muito humilde e respeitadora. Tem muito para dar à nossa literatura e, sem dúvida, será um nome muito forte da literatura local. (...) Os Seis prendem até ao fim. É um livro que vai resistir e que tem um futuro brilhante pela frente."


O meu discurso foi pequeno. Além dos agradecimentos, falei do grupo que inspirou "Os Seis", a origem real das personagens e do mundo à minha volta, precisamente Oliveira, que me deu o material necessário para escrever as seis diferentes histórias. Apesar deste livro ser pura ficção, qualquer uma destas histórias podia ser real. Procuro criticar os preconceitos, o materialismo e o conservadorismo, em prol de ideais como a liberdade, a igualdade e o amor ao próximo.

Depois da palestra seguiu-se o concerto de música de câmara. Realço o facto de ter feito questão que não fosse apenas mais um grupo, mas antes um concerto por músicos familiares e amigos. Começou por um duo - trompa e piano - como não podia deixar de ser. (César, tocaste muito bem, fantástico e todo o teu apoio, desde que leste o meu primeiro livro, tem sido excepcional. Obrigada!) Depois tocou o meu irmão Samuel a solo, no oboé. E, finalmente, o Collegium Musicumm de Gaia (meu irmão Alberto, minha cunhada Rosa, José Miguel, Artur, Jorge, Manuel Moura, Samuel (a substituir a Marta) e o grande Zé Moura). O programa foi muito agradável e romântico. Não tenho palavras para lhes agradecer.

O final foi exclusivo para cumprimentos, agradecimentos e escrever dedicatórias. Dizem que estive mais de duas horas a fazê-lo. É mesmo? Nem me apercebi!

A festa continuou num café de Barcelos, com um grupo de amigos, que estiveram mesmo até ao fim... Mais do que todos os comentários positivos, não esquecerei a presença, o apoio incondicional das pessoas de quem mais amo e admiro, os meus familiares próximos, os meus amigos e amigas... Sei também que houve várias pessoas que, por variados motivos, não puderam estar presentes mas que continuam a apoiar-me. Muito obrigada a todos!

P.S. - Se quiserem fazer comentários no blog e não conseguirem, podem sempre mandar-me um mail. Tentarei responder a todos.