sábado, junho 10, 2006

Ainda a Trompa

"Até a invenção das válvulas ou pistões que ocorreu entre 1814 e 1815, várias tentativas se fizeram para aumentar as possibilidades da trompa. Para a distinguir da trompa natural, chama-se também, por vezes, trompa de pistões, cromática ou trompa de harmonia. Uma característica essencial do tubo é, ser estreito e muito longo (mais de 4 metros); é isto que permite a obtenção de muitos harmónicos (até ao décimo-sexto). Na região aguda é difícil controlar a nota produzida, pois a menor imprecisão na conveniente articulação dos lábios dá origem a uma nota errada ou destimbrada.

Na trompa cada nota pode ser obtida através de um maior número de posições diferentes que nos outros metais. Ao contrário de todos os outros instrumentos que têm pistões, na trompa é com a mão esquerda que se actua sobre eles, porque continua a ser preciso introduzir a mão direita na campânula para obter os sons bouchés e para segurar o instrumento.

A sua extensão e de quase quatro oitavas, de Sol (-1) a Fa (4), embora as quatro notas mais graves sejam difíceis de obter, devendo ser evitadas pelos compositores em passagens rápidas.

A trompa está afinada em Fá. Para emitir as notas da região aguda, convinha que existisse uma trompa com o tubo mais curto: o modelo em Sib. Em 1935, apareceu no mercado o modelo moderno de trompa, que funciona como trompa em Fá e como trompa em Sib, alternadamente, sendo chamada trompa de afinação dupla. Para isso é dotada de uma 4ª Válvula que corta a ligação de uma certa extensão do tubo, fazendo com que o instrumento passe a tocar uma quarta acima.

A trompa natural continua ainda a ser usada, não só para a interpretação de música antiga mas também pelo seu extraordinário timbre, algo diferente do da trompa actual. Prova do grande interesse que este instrumento hoje desperta é o Concurso Internacional de Trompa Natural que se realiza em Bad Hzarzburb, na Alemanha.

A trompa pode usar uma surdina em forma de pêra e que pode ser de metal, madeira ou cartão permitindo obter um timbre diferente. Na trompa natural o instrumentista intrduzia a mão na campânula, tapando-a em aproximadamente ¼, ½ ou ¾ da sua área, de modo a obter sons fora da série dos harmónicos. Mas tapando com a mão obtém-se os chamados sons bouchés. Estes têm uma sonoridade muito diferente.

Outro efeito sonoro da trompa é o som cuivré, que se obtém com uma tensão maior que a normal e um sopro muito forte. Isto origina a vibração do metal, produzindo assim um som muito característico. Os sons cuivré são de grande efeito dramático.

Em relação à sonoridade da trompa convém salientar que ela é o único instrumento tratado como uma madeira e como um metal; na escrita para orquestra ela é associada principalmente aos metais, mas também às madeiras, com as quais liga perfeitamente; na música de câmara a trompa é membro permanente do quinteto de sopro, juntamente com a flauta, o oboé, o clarinete e o fagote. Além disso, a trompa resulta muito bem em combinações instrumentais bastante diversas; por isso, ela tem um status único entre os instrumentos da orquestra."

Trompas e Companhia

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