quinta-feira, abril 20, 2006

"Sensibilidade e Bom Senso" - crítica literária I

"(...) Jane Austen diferencia e problematiza os significados e a importância do dinheiro e da riqueza no seio de duas famílias e para persongens diferenciadas, e assim coloca no romance os significados e a importância do dinheiro como uma questão central do seu enredo. [Jane Austen] diferencia e problematiza valores culturais da arte e do gosto, e do convívio social, à luz e em termos de personagens individualmente diferenciadas, e assim coloca no romance significados e a importância da educação e da cultura como questão central do enredo.
(...)
Ao encontro do que está no âmago da sua sociedade e da sua cultura, dos valores e das normas que regulam a existência e o convívio humanos em sociedade, mas antes de mais ao encontro do nexo de unidade e diferença entre os seres humanos e a sociedade a que pertencem, o romance de Jane Austen segue o rumo de descoberta do mundo e de si das suas persongens principais. Jane Austen adopta, para tanto, a convenção da protagonista que o é por ser jovem, se apaixonar e no final casar com o herói, a personagem masculina que melhor corresponde nas convenções que adopta, as da heroína e as do herói - sabemos que Elinor casa com Edward e Marianne com o Coronel Brandon, e que Edward Ferrars e Brandon contrastam com o herói convencional figurado, em John Willoughby.
(...)
De facto, as famílias já constituídas e os diferentes pares que no romance se formam com vista ao casamento, e bem assim o papel das mães Mrs Dashwood, Mrs Jennings e Mrs Ferrars, delineiam significados humanos e sociais, diferenciados por padrões da conveniência de classe e de fortuna e pelas afinidades de cultura e educação, que apontam para a relação de amor entre um homem e uma mulher como relação humana necessária.

Álvaro Pina, em "Jane Austen"

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