Estou sentada na areia fina de uma praia. Sinto o cheiro da água salgada, a brisa que enrodilha o meu cabelo enquanto me deixo levar pela contemplação do pôr-do-sol. Uma luz forte mas que não fere, atinge o meu âmago, faz-me esquecer quem sou, onde estou e para onde vou.
Longe de mim mesma mergulho nas divagações ensombrada por uma imagem que caminha pelo mar rebelde. É um homem que transpira beleza mas no qual se distingue um olhar triste. Olha distraído para o chão à procura dos sentimentos que perdeu algures entre a multidão. Vejo-lhe a alma, nítida pela transparência do seu corpo, leio-lhe os pensamentos… que diferente ele é! Tão puro e disposto a ser corrompido!
Chamo-o sem saber que nome tem. Não me ouve com a concentração em coisas inúteis mas sentimentais, ingénuas mas compreensíveis. Não insisto até porque me faltam as forças, a voz enfraquecida… Mas porquê chamar uma pessoa que não me ouve? Que passa por mim e nem me vê? Outros hão-de vir, outros passarão, quem sabe se ficam para me ouvir um pouco e haja algum que acabe por ficar para sempre.
O que mais me impressiona é a minha calma talvez indiferente. Como não me preocupa se não me ouvem! Se os meus gritos fazem eco no oceano mas não são perceptíveis ao ouvido humano.
Como é boa a vida e bonito o pôr-do-sol! A luz que ilumina mas não fere!
Amo-te! A ti que não conheço nem sei quando vou realizar o sonho de te conhecer. A ti, que és o único que dispensará os meus gritos para me ouvir, que não precisará que o chame para me poder ver. A ti que amarei para além das minhas forças e que não precisarei de provar até onde poderei ir para te fazer feliz! A ti que caminhas no deserto da multidão à procura da intensidade do momento, do melhor que o pior pode ter. A ti que tens o que os outros não têm. A ti que bastará um olhar para sentir o quanto me amas.
Continuo à tua espera… mesmo que ainda estejas do outro lado do oceano e que ainda seja demasiado cedo para nos amarmos… mesmo que ainda tenhamos de conhecer muitas pessoas erradas até termos a certeza de que fomos feitos um para o outro.
Sim, serás músico. Qual é o teu instrumento? Eu sabia que adoravas o concerto para violoncelo de Elgar, que a trompa te ia encantar e que o fagote era irresistível. Todos os outros apenas servem para nos acompanhar…
segunda-feira, setembro 11, 2006
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