terça-feira, março 14, 2006

Confidências

"Bem amada (o)
Quero falar-lhe e não sei o que dizer em meu afastamento! Que me sinto acorrentado às horas, como prisioneiro infeliz, contando-as, minuto a minuto, à espera do momento de solidão. Longe dos homens e das coisas, para aproximar-me de ti...? Que a vida para mim é vazia e sem sentido, como um fantasma errante... Que essa distância, tirando-a de mim, é um martírio tremendo, ao qual não sei por quanto tempo resistirei...?
Não sei o que te diga; como lastime a tristeza que me invade; como chore o tempo que estivemos juntos; como desejo estar perto de ti! Vou dizer-te principalmente isto: amo-te muito mais agora, porque te conheço mais, também. À distância, esta saudade enorme vai tecendo o fio de tua presença a meu lado e já vejo comigo, a todo o momento, uns olhos tristes que me disseram adeus chorando, a boca linda que me beijava tanto, o corpo voluptuoso que me ensinou a pecar, a voz serena em que se apoiavam minhas palavras apaixonadas e os braços macios que me abraçavam com força!
Pego o teu retrato e coloco-o à minha frente, para saber que esta tristeza que me aflige agora tem uma razão de ser, pois tu de facto existes e me amas muito também!
Responde-me depressa, manda-me um pouco de ti, pois assim talvez alivie um pouco a tortura de amor.
Já não suporto de tanta saudade!
Seu(sua), sempre..."

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