“Se toda a matéria fosse transparente, o solo que nos sustém, o invólucro que enfaixa os nossos corpos, as coisas não apareciam como um esvoaçar de véus impalpáveis, mas sim como um inferno de triturações e ingestões. Pode ser que neste momento um deus dos infernos, situado no centro da terra, nos esteja a ver com o seu olho que atravessa o granito, espreitando-nos do lado de baixo, seguindo o ciclo do viver e do morrer, as vítimas dilaceradas que se desfazem nos ventres dos devoradores, até que por sua vez um outro ventre os engole a eles.”
Italo Calvino, em "Palomar"
terça-feira, agosto 23, 2005
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