terça-feira, novembro 01, 2005

Destino mortal

"E é preciso um esforço de imaginação para implantar nele o meu destino mortal. Sinal de convergência de todos os caminhos da vida, do ódio, se sonho, da angústia, dos triunfos - ali. Dos atropelos em que se dão e levam caneladas - um pouco me entretenho num filosofar ligeiro. Das conquistas, das derrotas, dos físicos poderosos de força e de esplendor, e dos físicos estropiados de coxeio e de marrequice - um pouco me entretenho. É uma filosofia fácil, a mais profunda. Com ela se ganhou o paraíso quando o havia para se ganhar e se construíram grandes catedrais do pensar - olho errante na dispersão do horizonte. Dos tísicos que morreram no que se chama a flor da vida e dos que suaram que se fartaram para manterem um corpo vistoso com ginástica e banhos frios e ódio aos farináceos, mas que também morreram que se foderam - meu Deus. O homem é um ser extraordínário. O que ele inventa para ver se é eterno."

Vergílio Ferreira, em "Para Sempre"

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